UMA SOCIEDADE ALICERÇADA NA FIGURA DO MACHO ALFA
“Durante séculos o homem precisou
reprimir os sentimentos e buscar o sustento da família, sendo o alicerce e a
proteção da mesma”.
A
história da sexualidade humana é marcada por muitas mudanças, sejam de formas
de expressão até formas de sentir. Na pré-histórica, o Homem de Neandertal e posteriormente o Homo Sapiens se relacionava
com a fêmea como um objeto, a imagem do homem a arrastando pelos cabelos mostra
a relação animalesca do convívio. Ele era o provedor, ela a responsável pelo
conforto da família e em sacia-lo. A poligamia era algo comum, pois quanto mais
forte um macho fosse, mais fêmeas podia sustentar. Esta formatação de
relacionamento vai se modificar na Grécia e entre os Celtas.
Na Grécia – cidades estados; duas
localidades se destacam Atenas e Esparta, enquanto na primeira a arte e a
filosofia eram centro da vida, na
segunda a arte da guerra era venerada. A figura do homem e da mulher estava vinculada
aos valores culturais- o homem ateniense era um filósofo e artista, no
sentimento e na lógica estava sua arma, a relação era monogâmica, a mulher
respeitada e ouvida. O de Esparta um guerreiro em que os sentimentos pouco
tinham importância, bebês defeituosos eram mortos, a mulher era um objeto de
deleite e prazer, além de cuidar da família, fornecia ao macho as servas que
ele quisesse, e era natural ter relações com outras mulheres, à única
preocupação era em proteger e cuidar da família.
Na Gália- hoje Inglaterra; os Celtas e a
religião Druida davam as sacerdotisas um poder expressivo, a mulher era a
matriarca e todos deviam se curvar diante da sabedoria, beleza e do poder mágico.
Alguns textos narram à poligamia feminina, a mulher como a deusa grávida,
pronta para conceber novas feiticeiras, homens para a guerra e para servi-las.
A cultura Romana vai absorver os
dois conceitos dos Gregos- a filosofia e a arte, como também a guerra. A figura
feminina era respeitada como mãe, mas as relações fora do matrimônio era algo
natural, que vai modificar-se com a LEX ROMANA, dando a mulher e aos filhos
mais direitos. Importante ressaltar que a cultura matriarcal dos Gauleses e dos
Druidas foi totalmente dizimada pelos Romanos, não conseguindo interagir de
forma mais profunda no mundo de então, só vamos encontrar o poderio feminino em
alguns locais estanques como a ilha de Lesbos.
Com o advento do Cristianismo e
os ensinamentos de Jesus, solidificando a ideia de monogamia e do sexo após o
casamento- a repressão de impulsos antes tão naturais, como o domínio sobre o
mais fraco, a mulher como objeto, a liberdade de expressar livremente a
sexualidade, vai sofrer repressão. Sabemos que a repressão cria monstros, e foi
o que aconteceu. Com a queda do Império Romano, a Igreja Católica Apostólica
Romana- herdeira direta de Roma, sua língua o latim, sua prática política-
César e o Senado, o Papa e o Conselho de Cardeais; com o panteão Júpiter e os
outros deuses, Deus e os santos. Vai surgir a famosa Idade Média ou “Idade das
Trevas.”
O mundo vai ser dividido entre
vassalos e servos, a relação de poder vai ficar muito visível. A maior senhora
feudal neste momento é a Igreja Católica- ela tem duas armas que usa com
maestria, a confissão auricular- descobrindo todos os segredos e usando para
manipular situações políticas e a chave dos céus- “o que ligares na terra será
ligado nos céus!” A carreira religiosa era algo desejado por todas as famílias,
ter um sacerdote ou uma freira na família era elevar socialmente a família. Quem
não cooperasse com as determinações da Igreja, além de ser combatido com os exércitos
que possuía, também era excomungado- ou seja, havia a compreensão de que iria
para o Inferno, uma dupla punição. E diante da excomunhão todos temiam ninguém
se atrevia a ir contra. O casamento de clérigos é abolido para não se ter
herdeiros, a herdeira de todos os bens dos clérigos que morressem era a Igreja.
A sexualidade era escondida, tudo
se fazia à surdina, práticas abusivas feita pelos condes, padres, bispos,
cardeais. A pedofilia era algo comum sem nenhuma sanção- pois o infante era
visto como um adulto em miniatura mandava-se as crianças para as batalhas daí o
nome “infantaria”. A tortura como algo comum, a mulher era molestada- caso não
tivesse uma posição social; e nada acontecia, o sexo tão defendido pela Igreja
como sagrado tendo o objetivo da procriação, na prática era uma orgia, todos
com todos. Diante da promiscuidade e da falta de higiene surgiu à peste negra
pela infestação de ratos contaminados. Atribuiu-se as bruxas o surgimento desta
doença, e começou a perseguição a elas- na maioria mulheres, que tivesse algum
comportamento diferente, ou quisessem que morresse, era denunciada, presa e
morta.
A ciência, a arte, tudo estava
subordinado à visão teológica da Igreja. Vemos nesta época alguns raios de
esperança: Francisco de Assis, Agostinho de Hipona, Tomás de Aquino. O primeiro
buscando uma reforma da Igreja para acolher os necessitados e um respeito à
natureza; o segundo refletindo sobre a Graça de Deus, e a razão analisando os
prolegômenos da fé; o terceiro colocando a razão como base da fé, a fé
subordinada à razão. Todos defendendo uma sociedade e uma Igreja ética baseada
no amor.
No mundo Oriental vemos o surgimento
de Maomé, mostrando uma sociedade baseada, no respeito, na ética e na devoção.
A figura feminina era submissa ao homem, se não se casasse e os pais morressem virava
uma mendiga daí à poligamia como forma de amparo e cuidado com a mulher. Cabia
ao homem cuidar de quantas pudesse sustentar limitada ao número de cinco.
Diante de uma sociedade baseada na ética e na devoção, o mundo Ocidental era visto,
como uma orgia- pedofilia, adultério, bacanais, hipocrisia e falta de respeito
e desamparo da figura feminina, como “Os
Infiéis!” Pela ótica que temos hoje podemos dizer o mesmo daquela época.
Em 1517 com a Reforma de Lutero
com as 95 teses, buscando uma modificação interna da Igreja, ele não tinha o
desejo de deixá-la, mas com a Dieta de Worms e o interesse dos príncipes
alemães, começou e deflagrou-se pela Europa dando início aos burgos- cidades;
ao Renascimento. A filosofia e a arte que estava escondida nos mosteiros-
mosteiro como local de resistência a este período difícil- leia “O Nome da Rosa” de Humberto Eco; ressurge com toda a pujança.
A sexualidade se submete a ética do trabalho, ser um bom cristão é ser
produtivo- ver o livro de Max Weber “A Ética
Protestante e o Espírito do Capitalismo.”
O trabalho em primeiro lugar, diferente da
época dos Gregos que era a arte e a filosofia ou a arte da guerra em primazia,
ou dos Druidas- as artes mágicas; dos Romanos que tinham o prazer e a guerra
como base de suas vidas, ou na Idade Média que colocando a máscara da religião
fazia-se tudo com todos, sem ética nem critérios a não ser o poder abusivo.
A sexualidade tinha como alicerce
a figura masculina, a frente do pensamento, da arte, da guerra, da Igreja. Toda
base da sexualidade estava sob os ombros da figura do Macho Alfa, que deveria
ser respeitado, acatado, adorado, como provedor e cuidador da família! (Continua)
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